Qual educação? por Gislayne Avela Matos

Capítulo IV do livro A Palavra do Contador de Histórias, de Gislayne Avelar Matos.
São Paulo: Martins Fontes, 2005.

Quem é o contador de histórias? Qual é a sua palavra, como é sua arte? Essas foram as questões para as quais buscamos algum entendimento nos capítulos anteriores. Que dimensão educativa pode haver nessa “palavra”? Essa é a próxima questão a ser colocada, mas ela nos remete naturalmente a uma outra, que deve procedê-la: de qual educação estamos falando?

Embora, em seu conceito amplo, a educação cumpra a função de socialização e de humanização do home (Pérez Gómez, 2000) e tenha na família seu primeiro núcleo, invariavelmente somos levados a uma associação muito rápida e automatizada da educação com a escola.

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Fisionomia do repertório por Francisco Assis de Sousa Lima

Capítulo III do livro Conto Popular e Comunidade Narrativa, de Francisco Assis de Sousa Lima
Recife: Fundaf, Editora Massangana, 2005.

Oralidade versos “cultura de língua”

Tendo em vista a designação de história de Trancoso, dada ao conto popular no Cariri cearense e em todo o Nordeste, sondei junto aos informantes o porquê de tal atribuição, visando, em princípio, a avaliar uma possível circulação regional dos Contos e histórias de proveito e exemplo, do citado autor português, Gonçalo Fernandes Trancoso.

Raros informantes, somente, demonstraram ter tido notícia da existência de alguém com este nome, um dos quais o identifica como “contador” e outro como autor de um liro de histórias. Nenhum deles afirmou tê-lo lido. O nome confunde-se com a tradição, segundo indicou um informante: “Eu penso que este nome, história de Trancoso, vem dos antigos…”

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O Conto e seu Universo: Atualidade de uma Prática por Francisco Assis de Sousa Lima

Capítulo IV do livro Conto Popular e Comunidade Narrativa, de Francisco Assis de Sousa Lima
Recife: Fundaf, Editora Massangana, 2005.

Um ofício artesanal

Alguns informantes evocam a memória de grandes contadores de história na região, mas predomina a sua localização no elemento doméstico da comunidade, onde indivíduos se autorizam e são eleitos agentes privilegiados dessa transmissão. Embora isto não sirva para descaracterizar a “figura antropológica” do contador de histórias, permite enquadrá-la no círculo geral de um ambiente humano onde todos compartilham, na medida das possibilidades, do interesse e do talento de cada um, de uma reserva de saber, onde narrar é marca reconhecida.

A figura individual do contador importa menos. A este respeito pode-se fazer um paralelo frente a outros portadores de cultura popular, valendo referir, para tanto, dois estudos que dispõem algo neste sentido.

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Bagagem 1 – Aquisições e equipamentos de viagem por Regina Machado

Capítulo III do livroAcordais: fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias, de Regina Machado.
São Paulo: Editora Difusão Cultura do Livro, 2004

Joana Xaviel é uma mulher comum. Quando começa a contar uma história, ela se transfigura. Acontece, às vezes, depois de uma apresentação de contos, alguém da assistência se aproxima de mim, dizendo:

– Nem parecia você. Era outra pessoa que estava ali.
– Havia uma luz diferente envolvendo você, um brilho, até sua voz mudou.

Que qualidade é essa que se apresenta na pessoa do contador de histórias que às vezes o público percebe e tenta definir com as palavras que consegue encontrar, não sem dificuldade, por se tratar de experiência sensível, impalpável?

A Sherazade, personagem do livro de Pauline Alphen, desencadeia um efeito especial nos que a escutam, a ponto de as pessoas “perceberam a diferença entre o que são e o que pensam que são”.

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